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O Fluminense de Fernando Diniz é um forte manifesto político

UOL

07 Maio 2023

Jogadores do Fluminense comemoram gol diante do River Plate, na Libertadores / Imagem: Marcelo Gonçalves/Fluminense FC

A torcida do Liverpool vaiou sonoramente o hino da Inglaterra no dia da coroação do Rei Charles.

Não houve um ensaio para isso, não houve um chamado nas redes sociais. A torcida vaiou de improviso e com o fígado o tradicional "God Save The King" (era Queen até ontem).

O time do Liverpool tem uma história ligada à classe trabalhadora.

O treinador do Liverpool - Jurgen Klopp - já se declarou inúmeras vezes como um socialista (aliás, recomendo a leitura de sua autobiografia).

Essas coisas não acontecem ao acaso.

A massa não se une em um manifesto por inspiração divina.

Eles e elas estão ali defendendo algumas bandeiras. E vaiar a Coroa é parte da luta operária.

A monarquia britânica, nem é preciso ir muito longe nas pesquisas, está diretamente ligada a alguns dos maiores crimes já cometidos contra a humanidade.

Saques, imperialismos, colonialismos, genocídios, opressões, riquezas roubadas.

A Inglaterra vive hoje inúmeras crises sociais, assim como todos os países liberais e ultra-liberais, e a Monarquia segue ostentando e explorando.

A torcida do Liverpool, com a vaia, colocou o dia da coroação em contexto para boa parte do mundo que via, pela TV, o que parecia ser uma festa emocionante.

Klopp deu uma declaração diplomática ao final do jogo, mas a verdade é que assim como a população celebrou a morte de Margaret Thatcher, a torcida avisou que a coroação de um novo rei não tem nada de bacana, de bonito, de decente.

Rituais são altamente atraentes e é fácil que nos deixemos comover por eles.

Por isso é importante que um grupo de homens e de mulheres nos chamem para a realidade.

Mas a política não encontra o futebol apenas nas arquibancadas.

Há esquemas táticos que são igualmente manifestos políticos.

Vejamos o Fluminense de Diniz.

Não há hoje no mundo um sistema tão comunitário.

Do "um" ao "onze" estão todos ligados por um tecido de solidariedade que se movimenta em bloco e é feito de trocas constantes.

O erro de um é o erro de todos e até a linguagem de Diniz na coletiva, lembrando que é uma infantilidade querermos que o time sempre acerte e jamais erre, é revolucionária.

Um futebol despolitizado simplesmente não existe.

A questão é saber o que aquele conjunto de homens ou de mulheres está comunicando em campo - e que tipo de voz é aquela que vem da arquibancada.

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