Manifesto
pela Liberdade
Reivindico um mundo dentro do qual mulheres existam em total liberdade. Um mundo dentro do qual o gênero feminino não esteja submetido ao masculino. Um mundo dentro do qual não haja submissão de gênero, raça, sexualidade, classe. Um mundo capaz de superar essas distinções socialmente fabricadas. Um mundo dentro do qual o corpo de uma criança não seja sexualizado nas ruas. No qual o espelho não seja inimigo de todas as mulheres.
No qual a maternidade não seja destino obrigatório em nome do cumprimento de uma missão biológica fictícia. No qual mulheres que decidirem voluntariamente pela maternidade não sejam penalizadas pela obrigação do cuidado solitário. No qual envelhecer seja mérito e não tragédia.
No qual o tecido social de solidariedade seja reforçado e não abandonado. Um mundo no qual mulheres tenham direito ao gozo e a encontros sexuais de qualidade. No qual salários sejam equiparados para homens e mulheres nas mesmas funções porque é essa a realidade que libertará as mulheres do controle de um homem e de ter que se submeter a sexo de baixa qualidade em troca de casa, comida, proteção, sucesso social.
Um mundo sem padrões estéticos mas repleto de beleza e de diferenças. Um mundo dentro do qual possamos construir novas formas de relacionamento e de famílias. Um mundo sem hierarquias e constituído de um tipo tão radical de igualdade que fará brotar diferenças ainda não conhecidas, mas que serão celebradas.
Um mundo dentro do qual mulheres não tenham medo de engordar ou emagrecer ou pânico de envelhecer. Um mundo onde mulheres e homens viverão livres das pressões de gênero, onde as florestas permaneçam de pé, os rios corram livremente sem a ameaça de serem aterrados, atravessados, represados. Onde todos os seres que compartilham desse planeta com a espécie humana sejam emancipados.
Onde o lucro não seja o único norte. Um mundo dentro do qual possamos exercer a mais necessária das funções: apoiar uns aos outros a passar pela experiência que é estar vivos com a consciência das perdas e da morte. Ajudar uns aos outros. Deveria ser esse o mais básico mandamento.